O case da Kill-Insect

A Kill-Insect era uma empresa familiar que fabricava inseticidas a base de piretrina natural extraída da flor do piretro, uma planta endêmica da região onde a empresa se instalara.

Após duas décadas de sucesso como produtora de seu princípio ativo e de alguns inseticidas líquidos e sólidos – a exemplo da espiral repelente de insetos da imagem a seguir – a empresa passou a enfrentar sérias dificuldades relacionadas à demanda, preço e lucratividade de seus produtos.

Espiral inseticida

Essas dificuldades eram consequência do advento dos piretróides sintéticos, da entrada de novos competidores em seu mercado, da concorrência dos repelentes em aparelhos elétricos com refil e dos sprays aerossóis, de uma força de vendas fragilizada e da falta de sintonia com seus clientes.

Além disso, a empresa possuía elevados custos de produção gerados pelo remanescente sistema de parceria rural, processos industriais um tanto artesanais, instalações industriais ultrapassadas e uma mão de obra pouco qualificada que causava problemas de produtividade, de qualidade e de ordem trabalhista.

Em que pese tais deficiências, a empresa possuía uma marca reconhecida, uma situação financeira consolidada, bons fornecedores, dominava a tecnologia envolvida e seu mercado estava em expansão. Tudo o que precisava ser feito para superá-las era promover as alterações que já se manifestavam como necessárias.

Para isso, a percepção correta do mercado poderia ser obtida com a participação de  seus dirigentes em feiras especializadas, reuniões com a equipe de vendas e visitas aos principais clientes. O planejamento do futuro da empresa, a partir do benchmarking de alguns players bem sucedidos. E a reestruturação operacional, recrutando profissionais especializados, atraindo fornecedores de tecnologia, lançando novos produtos, reconfigurando as instalações fabris e revisando as práticas comerciais e de comunicação com seus clientes.

Nada disso aconteceu. Por fim, alguns anos depois, a empresa foi vendida.

Em seu lugar, os novos proprietários da empresa profissionalizaram sua gestão, modernizaram suas instalações, qualificaram sua linha de produtos e adotaram práticas mercadológicas condizentes com seus propósitos de participação de mercado e lucratividade, no que foram bem-sucedidos.

Feito isso, seus problemas de preço deixaram de existir.

Nota: Kill-Insect é um nome fictício. 

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Claudio Luiz Eckhard, autor de Pricing no Agribusiness: preços, custos e margens.

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